Dia Mundial da Liberdade de Imprensa: profissionais não têm o que comemorar nos países de língua portuguesa

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado no dia 3 de Maio. A data foi criada em 20 de dezembro de 1993, com uma decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas e reverencia o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e, ainda, marca o dia da Declaração de Windhoek, uma afirmação feita com jornalistas africanos em 1991 reforçando os princípios da liberdade de imprensa independente e pluralista junto com a UNESCO.

O tema deste ano é ‘Jornalismo Imparcial e Sem Medo’ e deve ser celebrado na agenda oficial da UNESCO em outubro, por causa da Covid-19, que tem impedido as manifestações públicas, sobretudo as que reúnem pessoas. Em todos os anos, desde então, o 3 de maio é a data que reforça que a liberdade de Informação é integrante e indissociável do direito humano fundamental de liberdade de expressão e de imprensa.

Infelizmente, não há o que ser comemorado tanto prática quanto conceitualmente porque, nos últimos tempos, tem havido esforços no sentido de se aplacar essa liberdade de imprensa, com medidas arbitrárias de perseguição aos mensageiros (jornalistas) com vistas a prejudicar as mensagens (notícias), inclusive para essas não cheguem ao seu destino: o cidadão em todo o mundo.

A violência é cometida por, dentre outros mas com maior frequência, poderes político e econômico, sobretudo por governos, inclusive, pelos ditos democráticos. Temos inúmeros casos relatados e que atualmente são registrados nos países de língua portuguesa, só para ficar no nosso universo lusófono.

No Brasil, é diária e ampla a lista de denúncias contra violências as mais variadas (físicas e morais) praticadas contra jornalistas e demais profissionais da imprensa e comunicação. Relatórios nacionais e internacionais o trazem com um dos países onde o número de violência é dos maiores.

Já foi dito que além da violência física e verbal, agressões, somam-se a precarização das condições de trabalho e de vida dos profissionais. O governo brasileiro está com o firme propósito de concretizar a frase-desejo dita por seu presidente da República de que jornalista é uma “raça em extinção”.

Nos países de língua portuguesa, especialmente em África, muitas denúncias de violência são diariamente registradas, desde as péssimas condições de trabalho até a sequestros e desaparecimentos, bem como mortes, de jornalistas.

Por essas e outras é que não se tem muito o que comemorar nesta data. Mas, ainda com todo esse estado de coisas, os jornalistas se mantém firmes na luta pela liberdade de imprensa e expressão, que é a primeira a garantir as demais e, especialmente, a democracia!!!

Assim, esta é a saudação especial a todos os jornalistas e profissionais da comunicação que resistem e insistem na luta pelo bem comum, pela informação livre e libertadora!


Alcimir Carmo, é diretor de sindicalização (e como relações internacionais) no SindJorNP e presidente da Direção Executiva da FJLP Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa

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