Presidente do Brasil recebe título mundial de Predador da liberdade de imprensa

O chefe de estado e de governo brasileiro divide com outros 36 líderes mundiais e desde o início de julho de 2021 o título de Predador da Liberdade de Imprensa, advindo de avaliação quinquenal da organização internacional não governamental de defesa da liberdade de imprensa, a Repórteres Sem Fronteiras – RSF

O presidente da República Federativa do Brasil ingressou na lista de predadores da liberdade de imprensa que é elaborada a cada cinco anos pela RSF e divulgada por todo o mundo. Ele é um dos 17 novos integrantes na atual listagem que reúne 37 chefes de Estado ou de governo responsáveis pela repressão à liberdade de imprensa.

Antes de ser chefe de estado, desde os tempos nos quais atuou no Exército Brasileiro e mesmo como deputado federal no Congresso Nacional, o referido então soldado (que chegou à patente de capitão) e, depois como político brasileiro na condição de parlamentar, já era um contumaz agressor das liberdades de modo geral e da imprensa, em especial.

Porém, e já na condição de presidente de República (e até mesmo durante a sua campanha eleitoral a esse cargo), ofendia os profissionais de imprensa, tanto que a Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ e os sindicatos de jornalistas por todo o País, bem como a Associação Brasileira de Imprensa – ABI e outras entidades internacionais, como a FJLP – Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa e FIJ – Federação Internacional dos Jornalistas e, ainda, a Repórteres Sem Fronteiras, divulgaram as suas manifestações contra essa prática contumaz.

A Fenaj chegou a apontar em seu relatório anual de combate à violência contra jornalistas que o presidente do Brasil ofendeu centenas de vezes os profissionais, com palavras chulas ou de baixo calão. A ABI chegou a manifestar o seu desejo de ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN porque o governante vem se utilizando da Advocacia Geral da União – AGU para ingressar com dezenas de processos contra jornalistas.

Predador da Liberdade de Imprensa pela RSF

De acordo com esse estudo da RSF, e na avaliação dos pesquisadores dessa ong, a “retórica agressiva e rude (do presidente brasileiro) sobre a mídia atingiu novos patamares desde o início da pandemia”.

O presidente brasileiro, assim como quase metade (17) dos predadores na atual edição do ranking, tem a sua primeira aparição porque a lista é produzida a cada 5 anos e a anterior foi em 2016, sendo que a primeira apresentada ao mundo foi em 2001. A lista completa de 2021 está ao final deste artigo.

De acordo com a RSF, “alguns dos líderes constantes do ranking estão há mais de duas décadas em atividade no poder político de seus países e outros são recentes, como é o caso do brasileiro, e acabaram de ingressar – inclusive duas mulheres e um predador europeu”.

Em comum, como já mencionado pela RSF, os ranqueados são chefes de Estado ou de governo e praticaram e/ou praticam atos contrários à liberdade de imprensa, inclusive ao criar aparato de censura, com processos judiciais ou prisões arbitrárias, além da incitação direta ou indireta de violência contra jornalistas e que resultam em lesões físicas, sequestros e até assassinatos.

Resumo da RSF sobre o presidente brasileiro

De acordo com RSF, o presidente se autoproclamou na campanha eleitoral como “candidato antissistema” e avançou usando redes sociais, onde sua retórica e ideias ressoam amplamente, contornando a mídia tradicional. Desde que assumiu o cargo, o trabalho da imprensa brasileira tornou-se extremamente difícil. Seu estilo de marca registrada é insultar, denegrir e humilhar jornalistas considerados muito críticos. Para ele, a imprensa “não serve para nada” e equivale a “rumores e mentiras permanentes”.

Sua retórica combativa e desbocada é ampliada por membros de seu círculo e por uma base bem organizada. Desde 2018, o presidente, sua família e sua comitiva aprimoraram um sistema altamente eficiente. Nas redes sociais, exércitos de suportes e bots retransmitem e amplificam ataques destinados a desacreditar a imprensa, que é retratada como inimiga do Estado.

Um dos alvos preferidos da família Bolsonaro é a Rede Globo de TV, descrita como “TV funerária”, porque ousou informar os brasileiros sobre a propagação da pandemia Covid-19 e o número de mortes ligadas ao vírus. Em 2020, a RSF registrou mais de 180 ataques contra a Globo, que foi acusada de querer “trair” e “destruir” o país. Essa rede que detém concessão pública de radiodifusão está ameaçada de não renovação transmissão em 2022.

No terreno, os seus jornalistas, especialmente aqueles que cobrem a Presidência em frente ao palácio presidencial da Alvorada, são frequentemente apontados, humilhados e agredidos, por vezes com violência, por apoiadores do presidente e seus familiares.

Ataques sexistas e misóginos contra jornalistas mulheres também são uma marca bolsonarista. Inúmeras mulheres jornalistas, como Patricia Campos Mello, foram atingidas por ataques sexistas e devem trabalhar em condições terríveis, sob ataque de linchamentos digitais de partidários do presidente.

Alcimir Antonio do Carmo, presidente SindjorNP e da FJLP.

Lista por ordem alfabética dos predadores da Liberdade de Imprensa e que inclui o presidente do Brasil

Abdel Fattah AL-SISSI – Egito
Alexander LUKASHENKO – Bielorrússia
Ali KHAMENEI – Irã
Bashar AL-ASSAD – Síria
Carrie LAM – Hong Kong
Daniel ORTEGA – Nicarágua
Emomali RAKHMON – Tajiquistão
Gotabaya RAJAPAKSA – Sri Lanka
Gurbanguly BERDYMOUKHAMMEDOV – Turcomenistão
Hamed bin Isa AL KHALIFA – Bahrein
HUN SEN – Camboja
Ilham ALIEV – Azerbaijão
Imran KHAN – Paquistão
Ismaïl Omar GUELLEH – Djibouti
Issaias AFWERKI – Eritreia
Jair BOLSONARO – Brasil
KIM Jong-un – Coreia do Norte
LEE Hsien Loong – Cingapura
Miguel DIAZ-CANEL – Cuba
MIN AUNG HLAING – Mianmar
Mohamed BIN SALMAN – Arábia Saudita
Narendra MODI – Índia
NGUYEN Phu Trong – Vietnã
Nicolás MADURO – Venezuela
Paul BIYA – Camarões
Paul KAGAME – Ruanda
Prayut CHAN-O-CHA – Tailândia
Ramzan KADYROV – Rússia
Recep Tayyip ERDOGAN – Turquia
Rodrigo DUTERTE – Filipinas
Salva KIIR – Sudão do Sul
SHEIKH Hasina – Bangladesh
Teodoro Obiang NGUEMA MBASOGO – Guiné Equatorial
Viktor ORBÁN – Hungria
Vladimir PUTIN – Rússia
XI Jinping – China
Yoweri MUSEVENI – Uganda

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