No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, Unesco lança campanha

Essa data em reverência a uma das liberdades fundamentais da humanidade foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU, em 1993, após uma recomendação aprovada – em 1991 – na 26ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco, entidade que lança campanha neste 3 de maio de 2021.

Nestes tempos obscuros os quais vivemos, com mais um grande obstáculo ao livre exercício profissional, para além da perda de inúmeros profissionais de imprensa, é utilizado por inúmeras nações com vistas a reduzir ainda mais a circulação não apenas dos jornalistas, mas, também da informação. Não é de agora que se denuncia os atentados contra a liberdade e restrição aos jornalistas e em tempos de paz.

Hoje entidades internacionais, incluída a Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa – FJLP e organizações a ela filiadas (inclusive o Sindicato dos Jornalistas do Noroeste Paulista), reproduzem dados e informações sobre as mortes oficialmente registradas de milhares de jornalistas e profissionais da comunicação, causadas pela pandemia – bem como a restrição cada vez maior em relação ao exercício profissional, especialmente pelos governos de inúmeros países.

No Brasil, lamentavelmente, e de acordo com levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas – a Fenaj, mais de uma centena de profissionais de imprensa faleceram em decorrência da pandemia, e há dados de que só na América Latina, conforme registros divulgados pela FIJ – Federação Internacional dos Jornalistas, 611 colegas morreram.

Números semelhantes são apresentados pela ONG dinamarquesa Press Emblem Campaign (PEC), “a cada dia, em média, 2,5 jornalistas morrem em decorrência do coronavírus em pelo menos 74 países”.

Durante levantamento realizado no período de um ano, em 19 nações latino-americanas, incluindo o Brasil, o número total passa de mil. Desse montante, segundo a entidade, “mais da metade dos casos está na América Latina – ou seja 619″.

Não bastasse a luta diária pela busca e divulgação das informações, tendo todos os obstáculos como restrição de circulação, de acesso à informação, e agora o vírus mortal, ainda, há violências de governos e governantes arbitrários, déspotas que, covardemente, também se utilizam como pretexto a pandemia para restringir ainda mais o acesso à informação.

“No Brasil, há um componente ainda pior: a violência do Estado (governo nacional) que agride a jornalistas com todo o tipo de violência, desrespeitando não apenas o mensageiro, mas, sobretudo, o cidadão que tem o direito à informação de qualidade porque esse é um direito fundamental à sua vida!”, destacou o jornalista veterano Alcimir Antonio do Carmo, presidente do SindJorNP (Sindicato dos Jornalistas do Noroeste Paulista) e da FJLP – Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa – FJLP.

Conforme divulgam diversas entidades brasileiras que defendem o jornalismo e os jornalistas no Brasil (Fenaj e FJLP incluídas) e seus profissionais, “a violência contra os profissionais da imprensa têm sido ampliadas no atual governo, não apenas numericamente, mas, sobretudo, com censura ao acesso à informação e também processos judiciais”, destaca Carmo, lembrando que a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) ingressou com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o governo federal junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que cesse esse tipo de instrumento de censura ao trabalho dos profissionais de imprensa.

Campanha da Unesco

Tendo em conta esses aspectos de tempos obscuros para com a liberdade de imprensa que a Unesco sugere que este Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foque três aspectos determinantes como “1) viabilidade econômica dos veículos de comunicação; 2) mecanismos para assegurar a transparência das empresas de telecomunicações, especialmente a internet, e 3) aprimorar as capacidades dos veículos de comunicação e a literacia da informação (compreensão) para que os cidadãos reconheçam e valorizem, bem como defendam e exijam um jornalismo como parte vital da informação, encarando-o como um patrimônio público.”

Na manifestação de Guy Berger, diretor de Liberdade de Expressão e Desenvolvimento da Mídia da Unesco, “ter informações confiáveis e precisas nunca foi mais importante do que hoje. Nossas notícias devem ser verificadas e bem fornecidas porque a desinformação se espalha tão rápido quanto o próprio vírus e pode causar muitos danos, não apenas para nossas democracias, mas também para nossas vidas”.

0.00 avg. rating (0% score) - 0 votes
Share

    Deixe um comentário

    O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *