Dia da Imprensa: Nada a comemorar

Foi se o tempo no qual jornalistas ouviam de seus entrevistados a clássica – e apenas – a expressão Nada a declarar! Hoje não só grande parte dos entrevistados nada diz de importante como ofende aos profissionais da imprensa.
Tem sido cada vez mais comuns – e não normais – declarações desrespeitosas e xingamentos aos jornalistas por fontes que ocupam cargos públicos e, portanto, com o dever de prestar contas à sociedade.
O atual governo federal e os seus integrantes, do presidente aos ministros e ocupantes de cargos nos diversos escalões, estão dentre aqueles que mais praticaram violência contra os jornalistas nos últimos tempos. Ofensas são diárias e frequentes.
Pior do que as ofensas proferidas são as suas repercussões junto a seguidores/defensores do discurso anti-democrático estimulado por quem deveria defender as liberdades, pois essas se materializam em atos de violência contra os jornalistas.
Temos visto, com muita tristeza, violências verbais e físicas praticadas contra jornalistas que são apenas mediadores da informação. A prática de eliminar o mensageiro, ao que tudo indica, persiste num país cuja democracia ainda não se consolidou porque, exatamente, não respeita a imprensa como termômetro desse estado de direito.
A imprensa, com o jornalismo como instrumento, “vigia a fronteira entre a civilização e a barbárie. Fiscaliza o poder em todas as suas dimensões. Está a serviço da democracia e da diversidade de opinião, contra a escuridão e o autoritarismo do pensamento único, da ignorância e da brutalidade”.
Neste Dia da Imprensa, a despeito daqueles que julgam não haver “nada a declarar”, os jornalistas, sabem que, infelizmente, não há nada o que comemorar do ponto de vista do avanço das relações democráticas, de liberdades, de conquistas laborais, até porque, em todo o momento, o atual governo se lança em batalhas para o ataque à profissão e aos seus profissionais.
Mas, e a despeito desses ataques, os jornalistas, na condição de trabalhadores, vão resistir na defesa de sua profissão e de sua produção que é para o bem comum porque é fundamental à construção e consolidação da democracia, cada vez mais ameaçada no Brasil!
Assim Viva a Imprensa, Viva a democracia! E que possamos voltar a ter o que comemorar nesta data e em todos os outros dias!

Alcimir Antonio do Carmo, diretor de sindicalização (e relações internacionais) do SindJorNP e presidente da direção executiva da FJLP – Federação dos Jornalistas de Língua Portuguesa.

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